dimarts, 28 d’abril del 2015
A P.I.D.E.
A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi uma polícia existente em Portugal entre 1945 e 1969. Apesar de ser, hoje em dia, sobretudo conhecida como polícia política, as funções da PIDE eram bastante mais abrangentes, sendo especialmente importantes as suas funções nos setores dos serviços de estrangeiros, fronteiras e segurança do Estado.
Manoel de Oliveira queria fazer mais filmes, o tempo não deixou
Andreia Martins, RTP
02 Abr, 2015, 13:16
/ atualizado em 02 Abr, 2015, 16:07
O histórico realizador português morreu esta quinta-feira e deixa o legado de uma obra que marca o cinema europeu e mundial.
Para além da longevidade e atividade que lhe era admirada no mundo do cinema, Manoel de Oliveira mudou a forma de olhar e conceber o cinema como outros grandes do século XX.
“Quando deixar de filmar, deixo de respirar”
A história da sua vida confunde-se inevitavelmente com a história do cinema português. No ano em que nasceu, D. W. Grifith iniciava-se no cinema. A infância e juventude de Manoel de Oliveira acontece numa época de ouro para o cinema mudo: O próprio Grifith, Vertov, Pudovkin e claro, Eisentsein.
Mas não foi no cinema que Manoel pela primeira vez ganhou notoriedade. Desportista em várias modalidades, desde as corridas de automóveis à natação e ao atletismo, foi atleta do Sport Clube do Porto.
O cinema, todavia, sempre o acompanhou. Depois de uma breve passagem pela carreira de ator, nomeadamente em A Canção de Lisboa (1993) realizou o primeiro filme ainda antes, aos 23 anos. O documentário Douro, Faina Fluvial (1931), inspirado na cidade natal e idealizado depois de ter assistido ao filme "Berlim, Sinfonia de uma Capital" (Walther Ruttmann, 1927), conta a vida em redor de um rio que estaria presente nos vários trabalhos que se seguiram.
Em todas as obras, o realismo e a objetividade são as bandeiras principais. Para Manoel, o cinema era contar a história, o mundo segundo a perspetiva de determinada época. Como realizador durante mais de oitenta anos, Manoel de Oliveira veio contando Portugal desde os períodos antes de ditadura, o Estado Novo, a democracia e os anos mais recentes.
O cinema era a sua maneira de refletir o passado e o presente, nunca o futuro. A evolução histórica que andou de mão dada com a própria evolução do cinema: das primeiras curtas de caráter mais documental, do cinema mudo, aos avanços que foi obrigado a fazer de forma a acompanhar os tempos.
Tempo e dinheiroApesar dos longos 106, Manoel de Oliveira pedia mais tempo para fazer mais e melhor. Quando via um antigo trabalho, ficava sempre com a sensação que “poderia ter feito melhor”.
E o tempo não lhe chegou para fazer tudo o que queria, para realizar todas as ideias: "Tenho uma vontade enorme de filmar e fico muito triste se o não puder fazer. O tempo passa excessivamente depressa", confessava numa entrevista à Visão, em 2008.
O contexto político também o obrigou a enviesar as mensagens transmitidas. A vida de realizador durante a ditadura não foi fácil e Manoel chegou mesmo a ser preso pela PIDE.
Dinheiro e meios também lhe faltaram durante essa época, à medida que o cinema comercial se distanciava das suas técnicas e linguagens cinematográficas. Os longos planos, travellings e movimentos de câmara, os diálogos lentos e complexos. Um cinema difícil e muito distante das obras e dos temas que começaram a dominar os circuitos comerciais. Mas era de propósito - Manoel de Oliveira tinha aversão à moda - evitava temas, atores ou qualquer elemento que pudesse destacar algo que não o filme como tal.
Mas com o reconhecimento, sobretudo internacional, vieram a tempo para que Manoel conseguisse fazer com maior segurança tudo o que queria fazer: realizar até ao fim da vida.
Prémios e ReconhecimentoManoel Oliveira não gostava de prémios. Não queria ver a sua individualidade sobreposta a outras, até porque no cinema, ao contrário de uma competição desportiva, não era possível medir quem chegava primeiro, quem era melhor. No cinema, cada subjetividade valia por si.
Gostava sim do reconhecimento, das distinções dos prémios de carreira, de ver um filme seu compreendido. E recebeu várias, nos mais variados festivais e certames do cinema mundial: Cannes, Veneza, Berlinale, São Paulo, Tóquio e, por fim, Portugal.
A noticia da morte esta quinta-feira preenche as páginas da imprensa de todo o mundo, uma prova real desse prestigio que ia muito para além da idade. O alemão Die Zeit destaca que muitos críticos de cinema o colocavam "ao nível de Luis Buñuel, Jean-Luc Godard ou Frederico Fellini". Do Le Monde, chama-o de "um dos criadores mais originais da história do cinema".
Por altura do centenário do realizador, em 2008, o New York Times dedicava um artigo à sua singularidade e denominava Manoel de Oliveira de "uma força da natureza, um caso especial", com filmes "pensativos, melancólicos, com qualidades memento mori".
O cineasta português tinha 106 anos. Era o realizador mais velho do mundo ainda em atividade. O derradeiro filme, O Velho do Restelo, estreou-se em dezembro de 2014 na comemoração do último aniversário.
Era a fazer filmes que descansava.
Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no Porto a 11 de dezembro de
1908. Entre curtas e longas-metragens, realizou mais de 40 filmes até ao
fim da vida.
Para além da longevidade e atividade que lhe era admirada no mundo do cinema, Manoel de Oliveira mudou a forma de olhar e conceber o cinema como outros grandes do século XX.
“Quando deixar de filmar, deixo de respirar”
A história da sua vida confunde-se inevitavelmente com a história do cinema português. No ano em que nasceu, D. W. Grifith iniciava-se no cinema. A infância e juventude de Manoel de Oliveira acontece numa época de ouro para o cinema mudo: O próprio Grifith, Vertov, Pudovkin e claro, Eisentsein.
Mas não foi no cinema que Manoel pela primeira vez ganhou notoriedade. Desportista em várias modalidades, desde as corridas de automóveis à natação e ao atletismo, foi atleta do Sport Clube do Porto.
O cinema, todavia, sempre o acompanhou. Depois de uma breve passagem pela carreira de ator, nomeadamente em A Canção de Lisboa (1993) realizou o primeiro filme ainda antes, aos 23 anos. O documentário Douro, Faina Fluvial (1931), inspirado na cidade natal e idealizado depois de ter assistido ao filme "Berlim, Sinfonia de uma Capital" (Walther Ruttmann, 1927), conta a vida em redor de um rio que estaria presente nos vários trabalhos que se seguiram.
Em todas as obras, o realismo e a objetividade são as bandeiras principais. Para Manoel, o cinema era contar a história, o mundo segundo a perspetiva de determinada época. Como realizador durante mais de oitenta anos, Manoel de Oliveira veio contando Portugal desde os períodos antes de ditadura, o Estado Novo, a democracia e os anos mais recentes.
O cinema era a sua maneira de refletir o passado e o presente, nunca o futuro. A evolução histórica que andou de mão dada com a própria evolução do cinema: das primeiras curtas de caráter mais documental, do cinema mudo, aos avanços que foi obrigado a fazer de forma a acompanhar os tempos.
Tempo e dinheiroApesar dos longos 106, Manoel de Oliveira pedia mais tempo para fazer mais e melhor. Quando via um antigo trabalho, ficava sempre com a sensação que “poderia ter feito melhor”.
E o tempo não lhe chegou para fazer tudo o que queria, para realizar todas as ideias: "Tenho uma vontade enorme de filmar e fico muito triste se o não puder fazer. O tempo passa excessivamente depressa", confessava numa entrevista à Visão, em 2008.
O contexto político também o obrigou a enviesar as mensagens transmitidas. A vida de realizador durante a ditadura não foi fácil e Manoel chegou mesmo a ser preso pela PIDE.
Dinheiro e meios também lhe faltaram durante essa época, à medida que o cinema comercial se distanciava das suas técnicas e linguagens cinematográficas. Os longos planos, travellings e movimentos de câmara, os diálogos lentos e complexos. Um cinema difícil e muito distante das obras e dos temas que começaram a dominar os circuitos comerciais. Mas era de propósito - Manoel de Oliveira tinha aversão à moda - evitava temas, atores ou qualquer elemento que pudesse destacar algo que não o filme como tal.
Mas com o reconhecimento, sobretudo internacional, vieram a tempo para que Manoel conseguisse fazer com maior segurança tudo o que queria fazer: realizar até ao fim da vida.
Prémios e ReconhecimentoManoel Oliveira não gostava de prémios. Não queria ver a sua individualidade sobreposta a outras, até porque no cinema, ao contrário de uma competição desportiva, não era possível medir quem chegava primeiro, quem era melhor. No cinema, cada subjetividade valia por si.
Gostava sim do reconhecimento, das distinções dos prémios de carreira, de ver um filme seu compreendido. E recebeu várias, nos mais variados festivais e certames do cinema mundial: Cannes, Veneza, Berlinale, São Paulo, Tóquio e, por fim, Portugal.
A noticia da morte esta quinta-feira preenche as páginas da imprensa de todo o mundo, uma prova real desse prestigio que ia muito para além da idade. O alemão Die Zeit destaca que muitos críticos de cinema o colocavam "ao nível de Luis Buñuel, Jean-Luc Godard ou Frederico Fellini". Do Le Monde, chama-o de "um dos criadores mais originais da história do cinema".
Por altura do centenário do realizador, em 2008, o New York Times dedicava um artigo à sua singularidade e denominava Manoel de Oliveira de "uma força da natureza, um caso especial", com filmes "pensativos, melancólicos, com qualidades memento mori".
"... tao... que" , "... tanto .... que " etc
Ficou tão contente que começou a cantar
(FICAR, COMENÇAR)
Estou tão cansado que não consigo ir as
aulas ( ESTAR, CONSEGUIR)
Estava tanto frio
que não se podia sair na rua. (ESTAR, PODER)
O filme era tão
chato (AVAORRIT) que ninguém ficou até ao final (SER, FICAR).
O Luís tinha
tantas cosas a tiradas no chão que não conseguia passar. (TER,
CONSEGUIR).
Estou tão cansado
que não consigo pensar.
Os pais da Joana são
tão generosos e ricos que compraram-lhe um carro. (SER, COMPRAR).
A minha mãe limpa
a casa tão bem que... (LIMPAR...)
Ontem estava
tão cansada que não fui à festa.
Ela falou tão
apressa não conseguiu compreender. (FALAR, CONSEGUIR)
Ela fala
tão apressa que parece que vai a parar a comboio (FALAR, PARECER).
Ontem estudei
tanto que hoje me dói tudo. (ESTUDAR, DOER)
Já vi
tantas frases que consigo fazer muitas mais. (VER, CONSEGUIR)
O tempo é tão
bom em Espanha que não tenho saudades de França.
Pedro é tão
estudioso que conseguiu fazer o seu curso com grande facilidade.
divendres, 3 d’abril del 2015
Manoel de Oliveira
Manoel de Oliveira morreu aos 106 anos
O
realizador Manoel de Oliveira morreu, esta quinta-feira, aos 106 anos.
"Se há uma coisa que nos torna pacíficos, para o bem e para o mal, é a
morte", disse numa entrevista ao JN.
Pedro Correia/ Global Imagens
Cineasta fez 106 anos no passado dia 11 de dezembro
O
funeral do cineaste realiza-se sexta-feira, às 15 horas, na igreja de
Cristo Rei, Porto, estando, até lá, o corpo no salão do Convento dos
Padres
Depois
das 9:30 de sexta-feira, o corpo do cineasta passará para a igreja de
Cristo Rei, onde às 15 horas decorre o funeral, seguindo depois para o
cemitério de Agramonte.
O Governo decretou dois dias de luto nacional pela morte do cineasta Manoel de Oliveira, esta quinta e sexta-feira. No Porto, haverá três dias de luto.
Leia as reações à morte de Manoel de Oliveira
Com um currículo de mais de 40 filmes, Manoel de Oliveira era ele próprio um testemunho da História do último século: quando nasceu no Porto, em 1908, D. Manuel II era rei de Portugal. Quando se estreou no cinema, em "Douro - Fauna Fluvial" (1931), os filmes eram mudos e a preto e branco.
O Governo decretou dois dias de luto nacional pela morte do cineasta Manoel de Oliveira, esta quinta e sexta-feira. No Porto, haverá três dias de luto.
Leia as reações à morte de Manoel de Oliveira
Com um currículo de mais de 40 filmes, Manoel de Oliveira era ele próprio um testemunho da História do último século: quando nasceu no Porto, em 1908, D. Manuel II era rei de Portugal. Quando se estreou no cinema, em "Douro - Fauna Fluvial" (1931), os filmes eram mudos e a preto e branco.
As reações à morte de Manoel de Oliveira
No
dia da morte de Manoel de Oliveira, esta quinta-feira, aos 106 anos,
multiplicam-se as reações e as homenagens ao seu legado, desde a esfera
política à cultural.
Leonel de Castro/Global Imagens
Manoel de Oliveira com a sua mulher no 105.º aniversário do cineasta
"Foi
com profundo pesar que tomei conhecimento da morte de Manoel de
Oliveira, símbolo maior do cinema português no mundo e um dos nomes mais
significativos na história da 7.ª Arte. Portugal perdeu um dos maiores
vultos da sua cultura contemporânea que muito contribuiu para a projeção
internacional do País", afirmou o presidente da República, Cavaco Silva.
O realizador "é um exemplo para as gerações futuras", na medida em que
até ao fim da vida "teve projetos de futuro e foi sempre capaz de
ultrapassar as dificuldades", acrescentou.
Leia Também
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves,
manifestou sua "profunda tristeza pela morte de Manoel de Oliveira" e
destacou o caráter "sublime da sua arte" de realizador de cinema, que
"libertava na sua infinita perfeição". "Manoel de Oliveira deixa-nos o
sublime da sua arte, uma arte que a todos nos libertava na sua infinita
perfeição. Como se o cinema que criou, por todos reconhecido, fosse a
memória da nossa própria transcendência e o exemplo para a projetarmos
nas coisas que fazemos", refere.
Apresentando as suas condolências, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em comunicado refere-se a Oliveira como "a figura decisiva do cinema português no século XX" e como "obreiro central da afirmação da cinematografia portuguesa a nível internacional e, através do cinema, da cultura portuguesa e da sua vitalidade".
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, decretou hoje três dias de luto municipal, assim demonstrando o "profundo pesar" da cidade e o "sentimento de perda coletiva".
"Decretei hoje três dias de luto municipal a partir de amanhã [sexta-feira], decisão que será posteriormente ratificada pelo executivo a que presido. É a primeira vez que o faço, esta é a forma mais institucional de demonstrar o profundo pesar de uma cidade e de transmitir ao mundo o sentimento de perda coletiva que hoje nos assolou", afirmou o presidente da câmara numa breve declaração à comunicação social.
Para Rui Moreira, Manoel de Oliveira não foi "um homem vulgar", nem "na genialidade, nem na personalidade, nem na longevidade, nem no predicado" que disse mais gostar de associar à cidade do Porto: "o caráter".
Apresentando as suas condolências, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em comunicado refere-se a Oliveira como "a figura decisiva do cinema português no século XX" e como "obreiro central da afirmação da cinematografia portuguesa a nível internacional e, através do cinema, da cultura portuguesa e da sua vitalidade".
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, decretou hoje três dias de luto municipal, assim demonstrando o "profundo pesar" da cidade e o "sentimento de perda coletiva".
"Decretei hoje três dias de luto municipal a partir de amanhã [sexta-feira], decisão que será posteriormente ratificada pelo executivo a que presido. É a primeira vez que o faço, esta é a forma mais institucional de demonstrar o profundo pesar de uma cidade e de transmitir ao mundo o sentimento de perda coletiva que hoje nos assolou", afirmou o presidente da câmara numa breve declaração à comunicação social.
Para Rui Moreira, Manoel de Oliveira não foi "um homem vulgar", nem "na genialidade, nem na personalidade, nem na longevidade, nem no predicado" que disse mais gostar de associar à cidade do Porto: "o caráter".
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